Arievaldo e Josué 

 

Discussão de:

 Arievaldo Viana

Josué Araujo

 Arievaldo Viana

 

Sou feijão com rapadura

Sou cabra de Virgulino

Sou peralta e sou malino

Canela de saracura

Sou farnisim, sou gastura,

Menestrel e trovador

Doutor Raiz, rezador

Poeta nenhum me vence

Sou matuto cearense

Cabôco véi sonhador. 

Josué Araujo

 

Sou Josué, sou zangado,

Cordelista de bancada,

Mas não faço embolada.

Sou baixinho enfezado,

Porém, sou cabra educado.

Sou filho de nordestino,

Sou homem, não sou menino,

Na arte de menestrel,

Não escolhi o cordel,

Isso é coisa do destino.

 

 ARIEVALDO VIANA  

Sou do Quixeramobim

Me criei no Canindé

Digo ao Vate Josué

Que também gosta de mim

Dom de poeta é assim

Fraterno e revelador

Agradeço ao Criador

Que deu-me tino e "NON SENSE"

Sou matuto cearense

Cabôco véi sonhador.

 

Josué Araujo

 

Fui matuto, fui cruel,

Lavrador e bóia-fria,

Lutava com valentia.

Um dia escrevi cordel

Numa folha de papel,

Amassei e joguei fora

Pensando em ir embora,

Trocar toda aquela lida

Por outro estilo de vida,

Nos palcos do mundo afora.

 

Sonhando em ser trovador

Tornei-me um cordelista.

Nada a ver com repentista!

Não sou improvisador

E também não sou cantor.

Eu primo pela excelência

Sob a forte influência

Dos livretos de cordel,

Essas folhas de papel

Que tem toda uma ciência.

 

Matuto não é mais não

Cabôco véi sonhador,

Poeta declamador,

Arievaldo é emoção!

Nas escolas do sertão,

Orienta a juventude

Pra tomar uma atitude

De aprender nosso cordel,

Cada um ser menestrel

Dedilhando um alaúde!

 

ARIEVALDO VIANA

Não invejo Patativa
Catulo, nem Zé Limeira
Se for pra escrever "besteira"
Minha memória é ativa
A musa nunca me priva
Me dá asas de condor
Para mostrar o valor
do estro que nos pertence
Sou matuto cearense
Caboco véi sonhador.

Levo cordel para escola
Não para formar poetas
Mostro rimas, traço metas
Dando trato em minha bola
Quem vai por minha cachola
Vai se tornar bom leitor
Na certa admirador
Do espírito cordelense
Sou matuto cearense
Caboco véi sonhad
or.

 

Josué Araujo

 

Cabôco véi e cruel

Matuto e cearence,

Tu é bom, mas não me vence.

Não dou mole a coronel

Nos meus dramas de cordel,

Só não prendi cangaceiro,

Mas nesse sertão inteiro

Perscrutei toda a caatinga,

Desfazendo até mandinga

Nas cenas do meu roteiro.

 

Não quero ser insensato,

Mas, já fui um pescador

E também um caçador.

Já cacei onça no mato

Tirando o couro no ato;

Amansei burro selvagem

Com toda a minha coragem;

Já peguei cobra com a mão

Desconjuntei-a no chão,

Do jeito que os bravos agem.

 

ARIEVALDO VIANA

 

Não gosto de pabulagem

Eu quero é verso bem feito

Boto a viola no peito

E não me falta coragem

No princípio da viagem

Não insulto o companheiro

Eu só viro cangaceiro

Se pisarem nos meus calos

E motor de cem cavalos

Não segue no meu roteiro. 

Eu defendo o meu poleiro

Pois sou um galo de rinha

Também gosto de galinha

Persigo só pelo cheiro

Pra cantar nesse terreiro

Tem que ter muita sustança

Não é cachaça na pança

Que constrói meu improviso

Vem das células do juízo

Com pureza de criança.

 Josué Araujo 

Fala mas não me enrola

Que eu tambem sou cordelista.

Não enfrento repentista

Porque não toco viola

E as rimas da cachola

Não sai sem muito pensar.

Mas se eu tiver que brigar

Com um cabra trovador,

Sendo galo brigador,

Levo o sal para salgar. 

Sou raposa do serrado

E não conheço poleiro

Com galo no galinheiro

Que não possa ser logrado

E o galo ser bem peado.

Mais tarde a raposa astuta,

Caçadora e matuta,

Serve o galo no jantar

Depois que ele cantar,

Tremendo na cocuruta.  

Vou agora um instantinho,

Na festa de lançamento,

Cuja estrela do evento

É o Sebastião Marinho.

Vou abraçar com carinho

O amigo repentista,

Que sendo um grande artista,

Fez Romeu e Julieta,

O grande amor do planeta,

Em versos d’um cordelista.

 

ARIEVALDO VIANA

 

Tá parecendo a disputa

De Pinto com Milanês

Porém garanto ao freguês

Que eu não fujo da luta

(Prefiro tomar cicuta)

Pois sei amarrar a rima

Bem vês que estou por cima

Com certeza a minha esposa

É o diabo da raposa

Que topou VIANA LIMA.

E para esquentar o clima

Já armei uma arataca

Se vier raposa fraca

É bom que traga uma LIMA

Lima por baixo, por cima,

Mas não pode se soltar

Pois o nó que eu amarrar

Cantador nenhum desata

Se for raposa da mata

Meus cachorros vão pegar.

 

Eu faço versos sozinho

Me inspiro só no vento

E ele no lançamento

Do Sebastião Marinho...

Acho bom tomar um vinho

Botar um rifle na maca

Melhorar a rima fraca

E vitaminas tomar

Para poder desarmar

O poder dessa arataca.

 

Josué Araujo

 

Não venha com chorumela

Que essa sua arataca

Não pega nem maritaca.

Tu é mesmo um matusquela

Falador só de balela.

Eu sou poeta criado

No sertão e no cerrado,

No verso amarro a rima,

Mas no mato eu uso a lima

Pra afiar o meu machado.

 

Quanto a tal da marrabenta,

De voce dançar por cima,

Só facilita a rima:

Se tiver mais que sessenta,

Por cima é que se senta,

Em cima d’um tamborete.

Se acaso fizer cacoete

Porque o assento é duro,

Bamboleante e inseguro,

Relaxe e tome um sorvete.

 

 ARIEVADO VIANA

 

Por cima do minarete

Eu vislumbro o horizonte

Poema eu bebo é na fonte

Quadra, quadrão, gabinete,

Montado num bom ginete

Minha rima é benfazeja

Tomando a minha cerveja

E atentendo ao Rinaré

Eu convido o JOSUÉ

Para encerrar a peleja.

 

Josué Araujo

 

Pendurado na triquilha

Eu vislumbro o universo

Relendo verso a verso:

Quadra, quadrão ou sextilha

No folheto ou na apostilha.

Meu cordel é genuíno

Com verdades de menino.

Se não sou um Marco Haurélio

Pra vencer um forte prélio,

Me rendo, e não me amofino.

 

 

 

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